É bastante interessante observar o quanto o assunto sobre a Lei do Karma desperta um certo receio e, às vezes, até uma certa angústia em algumas pessoas.

Em muitas culturas, a Lei do Karma é interpretada como um tipo de castigo por algo de errado que fizemos. Uma “punição divina” por um mal comportamento. Em um nível ainda mais complexo, uma punição por algo grave que possamos ter feito até mesmo em uma vida passada e, mesmo sem a consciência sobre o ocorrido, somos obrigados a carregar os fardos por nossas falhas do passado na vida presente.

Fardo é, na maioria das vezes, a interpretação que grande parte das pessoas associam ao significado da Lei do Karma. E esta é exatamente a questão que iremos explorar neste texto.

Para uma melhor compreensão, vale a pena estudar o significado da palavra. Karma é uma palavra de origem sânscrita que significa “ação”. E, dessa forma, com um caráter um pouco mais leve, é também chamada de Lei de Causa e Efeito ou até mesmo, na área da ciência, como a Lei de Ação e Reação.

Uma boa palavra para sintetizar todo o conceito sobre o significado da Lei do Karma é “consequência”.

Nessa direção, eu convido a vocês a meditarem sobre qual seria a razão de se ter uma Lei Universal que rege as consequências das nossas ações.

Mas, antes de dar essa resposta, vamos refletir sobre um exemplo bastante corriqueiro ao qual muitas pessoas associam à Lei do Karma.

Imagina uma filha e um pai que tiveram questões de relacionamento desde de muito cedo. A filha ficou adulta, foi morar em uma outra cidade e durante muitos anos ficou distante da convivência conflituosa com o pai.

Um belo dia, o pai descobre que tem uma doença grave e a única pessoa que poderia cuidar do pai seria sua filha.

Então, o pai doente, na interpretação de muitas pessoas, se torna o karma da filha, ou seja, um fardo. Mas existe uma questão bastante delicada nessa situação. As pessoas se esquecem que além do Karma, e eu diria que totalmente associado ao Karma, existe também o livre arbítrio, nem que seja conceitualmente, pois muitas linhas de pensamento não consideram que temos algum tipo de escolha.

Não tenha dúvidas que, durante esse processo de mudança e aceitação, a filha, mesmo que em seu caráter jamais deixaria o pai desamparado, internamente sabe que sua outra opção seria deixá-lo de lado.

O que então faz com que a filha mude toda sua vida para cuidar do pai ao invés de abandoná-lo? Esta segunda pergunta contém a resposta da primeira.

É exatamente nesse ponto que é importante você entender essa situação. O Karma não está em cuidar do pai. O pai não é um castigo por algo terrível que ela possa ter feito em sua vida passada. Cuidar do pai doente é uma escolha de uma alma mais consciente. O Karma está exatamente no oposto disso. A Lei do Karma é ativada no instante em que ela não se comove com a situação do pai e o abandona.

Então, o pai chega a falecer e por mais vinte anos ela vive uma vida normal, até que em uma certa idade, com a consciência mais amadurecida, ela olha para trás e sente uma enorme dor por ter abandonado seu pai.

É exatamente essa dor que é o Karma. Essa dor é a punição em forma de culpa que a alma projeta em nossa consciência quando chegamos em um certo nível de maturidade. E então esse processo de culpa pode se manifestar, inconscientemente, de maneira bastante perigosa como uma certa autodestruição. Excessos de álcool, comida, trabalho, drogas, até ansiedade e depressão. E, para os que acreditam em vidas passadas, é exatamente essa consciência de culpa que vai gerar escolhas, de certa forma punitivas, para a próxima vida (mas isso é assunto para um livro inteiro).

Isso acontece porque essa alma que percebeu seu erro no passado, de certa forma, também precisa aprender uma das lições mais importantes sobre a Lei do Karma: o autoperdão.

Então para responder aquela questão deixada anteriormente:

Qual seria a razão de se ter uma Lei Universal que rege as consequências das nossas ações?

O amadurecimento da alma.

A Lei do Karma não é algo pesado.

A Lei do Karma é a lei que nos ensina a amar os outros e também a nos perdoar.

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